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CAPÍTULO 2

Apresentando o Cristianismo aos Mórmons

CAPÍTULO 2

Para o índice da tradução em Português de “Apresentando o Cristianismo aos Mórmons,” clique  aqui.

O NOVO TESTAMENTO Fidedigno e Confiável

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração.”

HEBREUS 4:12

PRÉVIA DO CAPÍTULO

Existe uma abundância de cópias de manuscritos antigos contendo o Novo Testamento, incluindo mais que 5000 escritos em grego. Esta é uma evidência superior a qualquer outro texto antigo, incluindo as obras de Homero e César. Um cético popular diz que há mais variantes do que há palavras, em todo o Novo Testamento. A despeito de como essas variantes são contadas, nenhuma doutrina essencial é afetada. Enquanto isso, já foi mostrado que tradutores bíblicos modernos são honestos em seu trabalho, especialmente quando certas passagens problemáticas são consideradas. Apenas ter-se uma boa tradução não é o suficiente, já que o leitor precisa entender as palavras de acordo com o que o autor original as quis dizer, e não como o leitor venha a interpretá-las como significado. Finalmente, alguns céticos gostam de apresentar “contradições” para mostrar a falta de confiabilidade da Bíblia, mas estas dificuldades geralmente podem ser explicadas quando o contexto é levado em consideração.

Como já mostramos no capítulo anterior, a Bíblia é considerada como escritura no Mormonismo, apesar de não ser vista como sendo totalmente confiável. Retornando à conversação do capítulo 1, o Dave decidiu citar o Dr. Bart Ehrman, um professor no departament de estudos religiosos da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, cuja especialidade é o Novo Testamento. Se você já assistiu documentários religiosos na televisão ou cursos educacionais bíblicos em DVD, você provavelmente, já o viu.1

“Bart Ehrman diz que o Novo Testamento está tão repleto de erros que ele não tem como ser confiável,” Dave me conta. “Aqui está um estudioso, um acadêmico que já foi cristão, porém afirmando que a Bíblia cita Jesus erradamente, com constância. Se um perito no Novo Testamento não acredita que ele seja precisamente correto, por que eu deveria?”

Apesar de seu nome ser popular entre os céticos, Ehrman não é tipicamente citado por aqueles que se identificam como Santos dos Últimos Dias. Não faz sentido para os Santos dos Últimos Dias atacarem uma escritura que permanece sendo parte de seu cânone. Como diz o ditado, isso pode parecer como cortar o nariz para desdenhar do rosto. Talvez isso fosse um sinal de que Dave — que ainda afirmava ser um Santo dos Últimos Dias fiel — havia sido influenciado por amigos céticos. Ou talvez ele já tivesse mentalmente, deixado o mormonismo. Independentemente disso, deve-se entender que alguns mórmons argumentam mais como agnósticos ou ateus.

“Só porque uma pessoa tem um doutorado no Novo Testamento não significa que sua opinião esteja correta”, eu retruquei. “Na verdade, isso nem significa que ele é um crente em Deus.”

Ehrman se formou em duas instituições evangélicas respeitáveis e afirmou que ele já se considerou um cristão antes de decidir se tornar cético. Vamos nos aprofundar em alguns de seus pontos de vista, conforme exposto em seu livro best-seller de 2005, chamado “Misquoting Jesus: The Story Behind Who Changed the Bible and Why.”2

A COMPILAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO

Se o Novo Testamento não é preciso, exato, então o mormonismo se torna tão irrelevante quanto o cristianismo. Atacar a precisão de toda a Bíblia significa que os textos-prova favoritos que são frequentemente usados pelos santos dos últimos dias— Tiago 2:20, 1 Coríntios 15:29, e João 10:34, entre muitos outros—deveriam também se tornar não fiáveis. Isto é algo que muitos Santos dos Últimos Dias como o Dave, podem nunca haver parado para contemplar. Mesmo assim, ele insistiu em refutar a precisão da transmissão do texto bíblico. “Não há nenhuma maneira daquilo do que nós temos em nossas Bíblias, chegar nem perto daquilo que foi escrito originalmente,” ele falou determinadamente. “Se não há nenhuma cópia original, por que eu deveria confiar na Bíblia? Produza os originais e então, talvez, eu possa aceitar que ela seja exata.”

Eu decidi tomar alguns minutos para prover quatro razões para a crença na mensagem dada no Novo Testamento.

Múltiplas Cópias em Disponibilidade

Os manuscritos bíblicos originais são chamados autógrafos. Até onde sabemos, nenhum dos autógrafos, tanto do Velho quanto do Novo Testamento existem hoje em dia, porque foram destruídos ou perdidos. Como os pastores John MacArthur e Richard Mayhue nos explicam,

“Cada livro da Bíblia foi composto originalmente sob a inspiração do Espírito Santo, por um autor humano. Estas obras originais—chamadas autógrafos—eram completamente destituídas de erros, como resultado da inspiração divina. Nenhum destes manuscritos originais estão em existência hoje. Ao invés, cópias foram feitas e logo, cópias de cópias. Estas cópias, e uma profusão de traduções, têm sido transmitidas através dos séculos.”3

Muito provável que os autógrafos do Novo Testamento se desintegrassem pelo século IIIAD, devido ao desgaste.4 Eu expliquei ao Dave que mesmo que estes manuscritos estivessem disponíveis hoje, isto ainda não seria o suficiente para convencer a maioria dos céticos. Como o erudito no Novo Testamento, Daniel Wallace afirma, “Mesmo que tivéssemos os originais, os céticos que são filosoficamente comprometidos com sua posição, tentariam encontrar uma explicação para dispensá-los…eles começam por onde eles querem terminar, e então, olham para a evidência de forma seletiva, de acordo com seu propósito, em lugar de estarem abertos para o que a evidência realmente revela.”5

Apesar de  não haver documentos originais do Novo Testamento em existência, muitas cópias, (chamados apógrafos), estão prontamente disponíveis para os tradutores. Existem não somente dezenas ou centenas, entenda, mas milhares, incluindo mais do que 5,600 manuscritos gregos, como descritos pelo estudioso F.F. Bruce:

“A evidência para os nossos escritos do Novo Testamento é sempre muito maior do que a evidência para muitos escritos de autores clássicos, cuja autenticidade ninguém sonha em questionar. E se o Novo Testamento fosse uma coleção de escritos seculares, sua autenticidade seria geralmente considerada como além de qualquer dúvida. Existem mais de 5.000 manuscritos gregos do Novo Testamento, no todo ou em parte.”6

Enquanto algumas cópias são pedaços fragmentados de papiro, “o manuscrito de tamanho regular tem mais de quatrocentos e cinquenta páginas, com alguns fragmentos datados durante a vida dos seguidores dos apóstolos originais!”7 Há também mais de 24.000 manuscritos escritos – dez em línguas adicionais, como latim, copta egípcio, sírio e georgiano. Como os estudiosos do Novo Testamento Darrell Bock e Daniel Wallace escrevem, “Ao todo, o Novo Testamento, em média, é representado por aproximadamente mil vezes mais manuscritos do que os escritos do autor clássico. Mesmo os autores bem conhecidos – como Homero e Heródoto – simplesmente não podem se comparar à quantidade de cópias desfrutadas pelo Novo Testamento.”8

Em comparação com outras literaturas antigas, os estudiosos apontam para uma abundância de escritos antigos para o Novo Testamento. De fato, “temos entre dez e quinze manuscritos dentro de cem anos após a conclusão do Novo Testamento, e mais de quatro dezenas dentro de dois séculos. De manuscritos produzidos antes de 400 D.C., surpreendentemente, noventa e nove ainda existem—incluindo o mais antigo Novo Testamento completo, chamado “Codex Sinaiticus.” 9 As cópias circularam durante os dois primeiros séculos após o tempo dos apóstolos. Cerca de 15% (mais de 800) dos textos gregos disponíveis foram compostos antes de 1000 D.C. Wallace afirma que isto é

“mais que quarenta vezes a quantidade de manuscritos do autor clássico comum, em mais de dois mil anos de reprodução de cópias! O autor clássico regular não possui nenhum manuscrito existente hoje, produzido dentro de meio milênio da composição de seus escritos. O Novo Testamento tem pelo menos duzentos e cinquenta manuscritos—apenas em grego — produzido dentro de quinhentos anos após a composição do Novo Testamento.”10

Vamos pretender que todos os textos do Novo Testamento foram confiscados e destruídos por inimigos da Bíblia. Segundo Wallace, ainda seria possível se referir aos escritos de cristãos que, “do final do primeiro século ao século XIII, citaram o Novo Testamento em homilias, comentários e tratados teológicos. E eles não tinham o dom da brevidade. Mais de um milhão de citações do Novo Testamento pelos pais da igreja foram coletadas até agora. Praticamente, todo o Novo Testamento poderia ser reproduzido muitas vezes, apenas a partir das citações desses pais.”11

É verdade que existem variantes, com a grande maioria se encaixando na categoria de “erro acidental” que “inclui erros ortográficos de palavras”; duplicação ou omissão de uma letra, palavra ou linha de texto; separação de palavras que originalmente eram escritas sem espaçamento; ou a colocação de pontuação em lugares diferentes—em suma, todos os erros que até mesmo os digitadores de hoje fazem ao digitar a escrita de outra pessoa em vez de simplesmente, copiar ou cortar e colar o texto original eletronicamente.”12 Normalmente, esses tipos de erros não afetam o significado do texto, como afirma Norman Geisler:

“Considerando que existem muitas leituras variantes nos manuscritos do Novo Testamento, há uma infinidade de manuscritos disponíveis para comparação e correlação dessas leituras, a fim de chegar-se à correta. Através do estudo comparativo intensivo das leituras em 5.686 manuscritos gregos, os estudiosos eliminaram cuidadosamente, os erros e adições de copistas “prestativos” e discerniram quais manuscritos primitivos são os mais precisos.13

Aparentemente, quando um escriba excedeu sua tarefa e fez alguma mudança num manuscrito, foi com a intenção de corrigir algo que ele pensou necessitar de conserto. Por exemplo, se ele sentiu que mais do que uma explicação era necessária, ele pode ter adicionado um comentário na coluna acima, ou abaixo do texto. Independentemente disso, é totalmente impraticável sugerir que escribas sinistros queriam causar estragos, criando assim mudanças não autorizadas no texto bíblico.14 Para que qualquer “mudança” fosse crível, centenas de textos anteriores ou contemporâneos teriam que ser trazidos para se fazer neles a mesma mudança. Cópias do Novo Testamento estavam espalhadas por todo o mundo conhecido, de modo que encontrar textos suficientes para fazer essas mudanças teria sido irrealista.

2. As Variantes Normalmente Não Mudam Uma Passagem

As alegações de Ehrman dizendo que há mais de 400.000 “variantes” no Novo Testamento, parecem ser curiosas quando se compreende que existem somente um total de 138.000 palavras no Novo Testamento, em seus 27 livros. Como poderia haver mais variantes do que há palavras? A resposta é, simplesmente, que toda vez que existe uma diferença em textos múltiplos, uma variante é contada de novo. Por exemplo, a mesma discrepância em 50 cópias equivaleria a 50 variantes. Um total de 75 porcento de todas as variantes textuais envolvem diferenças ortográficas. Mesmo diferenças minúsculas ou triviais são contadas.

Embora dezenas de milhares de variantes possam parecer esmagadoras, essa é uma acusação exagerada. Craig Blomberg explica ainda:

“A vasta maioria das variantes textuais são completamente desinteressantes, exceto para os especialistas. Quando alguém ouve números como 400.000 variantes (se esse número for mesmo exato), é preciso lembrar que eles estão espalhados por 25.000 manuscritos. Uma grande porcentagem dessas variantes se agrupa em torno dos mesmos versículos ou passagens. Menos de 3% delas são significativas o suficiente para serem apresentadas em uma das duas edições críticas do Novo Testamento grego. Apenas cerca de um décimo de 1% são interessantes o suficiente para entrar em notas de rodapé na maioria das traduções em inglês. Não se pode enfatizar com força suficiente que nenhuma doutrina ortodoxa ou prática ética do cristianismo depende unicamente de qualquer texto disputado. 15

Daniel Wallace explica que “menos de 1 porcento de todas as variantes textuais são significativas ou viáveis.16 Dito de uma maneira diferente, mais de 99% das leituras alternativas não mudam o significado de nenhum texto. Para ser claro, nenhuma doutrina ou prática cristã essencial é afetada por essas variantes.

Enquanto Dave queria argumentar que as discrepâncias refutam a precisão da Bíblia, F.F. Bruce diz que muitos outros erros deveriam ter sido esperados:

“Quando temos documentos como nossos escritos do Novo Testamento copiados e recopiados milhares de vezes, o escopo para os erros dos copistas é tão enormemente aumentado que é realmente surpreendente que não haja mais do que os que existem. Felizmente, se o grande número de MSS [manuscritos] aumenta o número de erros de escribas, ele também aumenta proporcionalmente, os meios de corrigir tais erros, de modo que a margem de dúvida deixada no processo de recuperação da redação exata não é tão grande quanto se poderia temer; é na verdade, notavelmente pequena.” 17

3. Regras Estabelecidas São Seguidas

 Certas regras são usadas por estudiosos bíblicos para entender o que foi originalmente escrito pelos escritores do Novo Testamento. Por exemplo, a prioridade é dada às primeiras cópias, porque teria sido mais fácil alterar edições posteriores. Pelo valor nominal, a cópia com a leitura mais difícil é priorizada sobre os textos com leituras mais simples, mais polidas, que poderiam indicar mudanças feitas pelos escribas em sua tentativa de tornar a passagem mais compreensível ou palatável. Embora a intenção possa ter sido honrosa, o dano foi feito. Quando uma cópia corrigida é comparada a outras, geralmente é fácil de se ver.

4. Tradutores Bíblicos Geralmente Possuem Integridade

Finalmente, muito trabalho foi realizado pelos tradutores para verificação de seu caráter. Minhas duas traduções favoritas da Bíblia são a New International Version (NIV) e a English Standard Version (ESV)); ambas não são apenas mais legíveis em comparação com o inglês arcaico da KJV, mas também são versões altamente precisas dos textos originais.

Tive a honra de estar sob o ensino do Dr. Walter W. Wessel (Novo Testamento), e do Dr. Ronald Youngblood (Novo Testamento), em aulas de seminário que eles lecionaram durante o final da década de 1980, sendo que ambos eram tradutores importantes da NIV. Ambos adoravam contar histórias detalhando a responsabilidade que sentiam ter em retratar com precisão, o que os escritores bíblicos originalmente disseram. O que eu nunca esquecerei são suas descrições das muitas conversas que tiveram com outros estudiosos da equipe de tradução sobre passagens difíceis.

Notas de rodapé úteis em versões modernas tornam possível considerar leituras alternativas. De acordo com Blomberg,

“Os leitores de quase qualquer tradução em inglês da Bíblia, exceto a King James Version (KJV), e a New King James Version (NKJV), podem olhar para as notas de rodapé, ou notas marginais, de suas Bíblias e ver a menção de uma ampla seção de referências para as mais importantes e interessantes dessas variantes. Infelizmente, muitos leitores não consultam essas notas com frequência suficiente. Claro que, mais e mais pessoas estão lendo sua Bíblia em formato eletrônico, e muitas versões eletrônicas da Bíblia nem sequer incluem tais notas.”18

Esses tradutores estão sempre de acordo em todas as questões? Não. E existem diferentes maneiras pelas quais a construção original das línguas pode ser traduzida. Mas, geralmente, estes homens e mulheres cristãos que têm trabalhado em traduções modernas para o inglês, como os meus dois professores, levaram o seu trabalho muito a sério.

LEITURAS ALTERNATIVAS

Quando se trata de diferentes leituras, os estudiosos trabalham duro para explicar porque um deve ser preferido sobre outros. Cada possibilidade é avaliada, com a leitura de maior marca sendo incorporada ao texto grego. Como Blomberg explica,

“A quarta edição do Novo Testamento grego das Sociedades Bíblicas Unidas, contém 1.438 das mais significativas variantes textuais em suas notas de rodapé e apresenta a evidência manuscrita mais importante para cada leitura do texto contestado. Usando as letras de A à D, o comitê que produziu a edição também classifica seu nível de confiança em sua decisão de adotar uma leitura específica.”19

Consideremos Mateus 17:21 na KJV, um verso citando Jesus que curou um menino com um demônio, “Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” A Sociedade Bíblica Unida (UBS) deixou este versículo— o qual está presente somente na KJV—fora do texto principal; das quatro classificações (de A à D), a omissão do versículo recebe um forte grau B. A explicação da UBS sendo que este versículo pode ter sido adicionado por copistas posteriores para se encaixar no relato paralelo em Marcos 9:29.20

Uma vez que a evidência apoia o caso de que essas palavras foram adicionadas por copistas posteriores, as traduções modernas não incluem o versículo.21 A omissão ou inclusão deste versículo não tem efeito sobre o significado da passagem. Traduções modernas explicam a omissão do versículo em uma nota de rodapé. Se houvesse algo a se esconder, não haveria sentido de nem se levantar a questão.

Em raros casos em que há significados alternativos legítimos, Wallace diz que nenhuma “doutrina cardinal ou essencial é alterada.”21 Por exemplo, quando a divindade de Jesus é considerada—uma doutrina cristã crucial a ser discutida no capítulo 5. “É um absurdo afirmar que a divindade de Jesus não foi inventada até o século IV, quando você já tem a evidência em manuscritos anteriores.”22 F.F. Bruce acrescenta, “As leituras variantes sobre as quais qualquer dúvida permanece entre os críticos textuais do Novo Testamento, não afetam nenhuma questão material de fato histórico ou de fé e prática cristãs.”23

Até mesmo o falecido estudioso SUD Lloyd Anderson, que uma vez serviu como professor de religião na Universidade de Brigham Young, de propriedade da Igreja SUD, apoiou a precisão do Novo Testamento:

“Alguém pode discordar com as suposições textuais detrás de algumas traduções modernas do Novo Testamento, e ainda não se preocupar excessivamente com as diferenças que são imateriais. Para um livro passar por uma descoberta progressiva de sua história manuscrita e sair com tão pouco que seja debatível em seu texto, é uma grande homenagem à sua autenticidade essencial. Primeiro, nenhuma nova descoberta de manuscritos produziu sérias diferenças na história essencial. Esta pesquisa revelou as principais controvérsias textuais, e juntas elas estariam bem dentro de um por cento do texto. Dito de forma diferente, todos os manuscritos concordam com a exatidão essencial de 99% de todos os versículos do Novo Testamento. O segundo grande fato que tal pesquisa demonstra, é o progresso que colocou o mundo em posse de manuscritos muito perto do momento de sua escrita. Alguém teria que ser um estudante de história antiga para apreciar o quanto o Novo Testamento é superior a qualquer outro livro em sua tradição manuscrita.”24

MUDANÇAS NO NOVO TESTAMENTO

Outro criticismo levantado por Ehrman, diz respeito a como duas passagens diferentes, encontradas em Marcos e João, não estão incluídas nos mais antigos, e precisos, manuscritos gregos. Para mostrar que este é o caso, as traduções modernas do inglês incluem notas na frente de cada uma dessas passagens:

Marcos 16:9-20 (conhecido como “o final mais longo de Marcos”): A nota na versão ESV explica que, “Alguns dos manuscritos mais antigos não incluem [Marcos] 16:9-20.” Maiores detalhes são fornecidos na nota de rodapé.25

João 7:53–8:11: Esta passagem narra sobre Jesus e a mulher adúltera. A nota na ESV afirma, “Os manuscritos mais antigos não incluem 7:53–8:11.”

Wallace escreve que “o consenso dos estudiosos do Novo Testamento é que esses versículos foram adicionados ao Novo Testamento mais tarde, uma vez que não são encontrados nos manuscritos mais antigos e melhores, e não se encaixam na sintaxe, vocabulário ou estilo pelos quais os autores são conhecidos. Nenhuma doutrina é impactada por essas variantes.”26 A ESV—juntamente com outras modernas versões—é honesta em sua avaliação. Enquanto essas duas passagens permanecem no fluxo narrativo, os tradutores não escondem o que os céticos podem considerar como uma evidência embaraçosa.

Considere 1 João 5:6-8, outra passagem com um pedigree duvidoso.

Lê-se:

“6 Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo. Ele não veio somente com a água, mas com a água e com o sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. 7 Pois há três que dão testemunho: 8 o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só proposito.”

Após o verso 7 e antes do verso 8, a KJV, (King James Version- Versão do Rei Tiago), inclui estas palavras adicionais as quais ficaram sendo conhecidas como “Comma Johanneum”: “no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são os que testificam na terra…”

Como estas palavras adicionais acabaram na KJV? Afinal, não há evidência de sua inclusão nos primeiros manuscritos em grego, mas somente nas margens de várias cópias mais recentes do século XIV. Apesar de não ter o apoio de nenhuma fonte sólida, a primeira compilação do Novo Testamento do grego (Textus Receptus), publicada em 1516, e usada por tradutores da KJV, incluiu estas palavras extras. 27 Já que estes versos não oferecem um suporte legítimo para a Trindade , os cristãos com conhecimento não devem utilizá-las como referência para trazer suporte a uma doutrina que é facilmente comprovada em outras passagens.

O JOGODOTELEFONE

Depois de eu ter compartilhado muitas dessas informações com o Dave, ficou claro que ele não ficaria convencido facilmente. Ele decidiu introduzir uma ilustração usada por muitos ateístas, chamada de “jogo do telefone,” com o objetivo de denegrir a confiabilidade de transmissão da Bíblia.

“Você sabe aquele jogo de festa que costumávamos jogar quando crianças, quando alguém sussurra algo para uma segunda pessoa,” ele disse. “Cada jogador se comunicando com a próxima pessoa na linha, e assim por diante. A última pessoa na linha então contando para todos a mensagem que ele ouviu, a qual é geralmente, desconexa com a declaração oficial.” Ele esperou alguns segundos para me perguntar com um sorriso largo, “Como você pode estar convencido que a mensagem original, escrita pelos autores bíblicos, foi precisamente copiada, cópia após cópia?” 

Sugerir que a mensagem da Bíblia se tornou distorcida ao longo do tempo é uma acusação séria. A principal diferença entre esta ilustração e a forma como a Bíblia foi transmitida é que a informação transmitida no jogo telefônico é oral, enquanto as cópias do Novo Testamento foram escritas. Os jogadores nesse jogo são obrigados a confiar no que lhes foi dito pelo jogador anterior, de modo que a memória de cada pessoa (ou a falta dela) pode afetar o resultado. Os estudiosos bíblicos têm uma vantagem porque têm vários registros escritos do texto e não são requeridos a confiar na memória de ninguém.

O apologista cristão Greg Koukl apresenta uma ilustração da “receita de elixir da tia Sally” que fornece uma resposta válida à ilustração do jogo telefônico:

“Finja que sua tia Sally aprende em um sonho a receita de um elixir que preserva sua juventude. Quando ela acorda, ela toma notas dessa receita complexa em uma folha de papel, e em seguida, corre para a cozinha para fazer sua primeira batelada do “Elixir Secreto da Sally”. Em poucos dias, ela é transformada em uma imagem de radiante juventude.

Tia Sally está tão animada que envia instruções detalhadas e manuscritas para suas três parceiras no jogo de bridge (tia Sally ainda está na idade das trevas tecnológicas – sem fotocopiadora ou e-mail). Elas, por sua vez, fazem cópias para dez de suas próprias amigas.

Tudo vai bem até que um dia o schnauzer da tia Sally come a receita original. Em pânico, ela entra em contato com suas amigas que misteriosamente, sofreram contratempos semelhantes. O alarme soa para as outras que receberam cópias do seu trio de parceiras nos baralhos, na tentativa de recuperar a redação original.

Sally reúne todas as cópias sobreviventes, 26 no total. Quando ela as espalha sobre sua mesa na cozinha, ela imediatamente, nota diferenças nelas. Vinte e três das cópias são praticamente iguais, salvo por algumas palavras com erros de ortografia e abreviações manchando o texto. Das três restantes, no entanto, uma lista os ingredientes numa ordem diferente, outra tem duas frases invertidas (“misture e depois pique” ao invés de “pique e depois misture”), e uma cópia incluindo um ingrediente não mencionado em nenhuma das outras.

Você acha que a tia Sally pode reconstruir sua receita original desta evidência? Claro que sim! Os erros ortográficos e abreviações não tem importância, assim como a ordem na lista dos ingredientes (todas estas variações tendo o mesmo significado). A única frase invertida se sobressai e é facilmente corrigida porque não se pode misturar algo que ainda não foi picado. A Sally então eliminaria o ingrediente extra dentro do raciocínio de que, é mais plausível uma pessoa o haver acrescentado por engano do que 25 pessoas o terem omitido por acidente.

Mesmo que as variações fossem mais numerosas e diversas, ainda assim, o original poderia ser reconstruído com um alto nível de confiança, com suficiente número de cópias e um pouco de bom senso.”28

Além disso, os jogadores no jogo telefônico não são motivados pela precisão. Quanto mais distorcida a declaração feita pelo jogador final, mais divertida é para todos os envolvidos. Os escribas que meticulosamente, copiaram as palavras da Bíblia foram motivados pela precisão, não pelo entretenimento jocoso. Eles entendiam que seu trabalho era crítico na comunicação da mensagem de Deus à humanidade. Comparar o jogo do telefone com a transmissão da Bíblia, então, é comparar maçãs com laranjas.

Dave não parecia convencido, por isso decidi usar mais um argumento para mostrar o porque dos manuscritos originais do Nono Testamento não serem necessários.

“Se os autógrafos da Bíblia existissem hoje, quem você acha que possuiria a maioria, se não todos, deles?”

Ele pensou por alguns segundos, então respondeu: “O Louvre? Ou o Museu Britânico?”

“Talvez, mas o candidato mais provável não seria a Igreja Católica Romana?”

Expliquei como o maior influenciador do cristianismo ao longo dos cenários foi uma organização religiosa que demonstrou grande força política e financeira por centenas de anos. Esta igreja pode não ser tão politicamente poderosa como já foi, mas ainda é a líder do cristianismo organizado. No que diz respeito à sua riqueza, visite a Cidade do Vaticano, localizada em Roma, e passeie pelos maravilhosos museus repletos de milhares de peças de arte de valor inestimável, incluindo pinturas nas paredes e tetos!

Não há dúvida de que os líderes da Igreja Católica Romana estariam interessados em qualquer um dos autógrafos; na verdade, ela possui uma das três cópias mais precisas do Novo Testamento no mundo, o Codex Vaticanus, em homenagem ao menor estado independente do mundo (Cidade do Vaticano) controlado pela igreja.

“Vamos fingir que a Igreja Católica possuísse qualquer um dos autógrafos”, propus. “Seria possível que, ao longo dos anos, historiadores ou teólogos católicos corruptos fiéis à sua igreja fizessem suas próprias mudanças nos originais? Ninguém seria capaz de ter plena confiança nesses manuscritos. Por outro lado, ter milhares de cópias dos textos do Novo Testamento disponíveis, permite a verificação e a reverificação, o que é melhor do que se os autógrafos fossem tudo o que estivesse disponível. Havendo uma escolha entre os originais e cópias, eu escolherei as cópias todas as vezes.”

Embora ele não soubesse, a afirmação de Dave de que as escritas originais são necessárias para que a Bíblia seja confiável, resulta em um grande problema para a Igreja SUD. Decidi fazer este ponto.

“Além disso, o que dizer das placas de ouro ‘egípcias reformadas’ do Livro de Mórmon — seus autógrafos, por dizer?” Perguntei. “Esses originais não estão mais disponíveis porque Joseph Smith alegou devolver as placas ao anjo Morôni, depois que ele terminou sua tradução para o inglês em 30 de junho de 1829. Então, como os líderes da Igreja SUD puderam alterar milhares de palavras no Livro de Mórmon nos últimos anos, sem a ajuda dos autógrafos contidos nas placas de ouro? Parece bastante precário fazer isso sem qualquer fonte de apoio.”

Ele me permitiu terminar meu argumento.

“Uma vez que não temos as placas de ouro, isso significa que os santos dos últimos dias só devem acreditar no Livro de Mórmon ‘na medida em que seja traduzido corretamente’? Se você quiser criticar a Bíblia pela falta de autógrafos, parece justo que o Livro de Mórmon seja considerado da mesma maneira.”

Embora eu não tenha mencionado isso, a Tradução de Joseph Smith da Bíblia também poderia ter sido mencionada, já que Smith criou sua própria “tradução” para corrigir o que ele alegou serem erros na Bíblia. Ele até acrescentou mais de uma dezena de versículos ao último capítulo de Gênesis para incluir uma profecia sobre si mesmo, entre outras adições e subtrações. Nenhuma de suas mudanças é apoiada pela evidência textual. Ainda assim, Smith afirmou que terminou sua versão em 2 de julho de 1833.29

Se Smith realmente era um profeta que tinha a capacidade de traduzir a Bíblia sem manuscritos, sua versão deveria ser considerada uma dádiva de Deus. No entanto, os líderes da Igreja SUD nunca a endossaram nem a publicaram oficialmente; muitos santos dos últimos dias nem sequer possuem uma cópia.30 A falta de uso ou promoção ativa dessa versão parece algo suspeito, se Smith realmente era um profeta de Deus que, como os mórmons acreditam, tinha a capacidade de traduzir as escrituras.

LIDANDO COM APARENTES CONTRADIÇÕES DA BÍBLIA

A discussão com Dave tinha corrido bem, mas ele tinha mais uma pergunta.

“E quanto às contradições na Bíblia?”, ele perguntou. “Se uma passagem refuta outra, então, obviamente, deve haver um problema e a Bíblia não deve ser considerada confiável.”

Eu disse a Dave que o contexto de cada passagem deve ser considerado. Em caso de dúvida, o leitor descobrirá que, na maioria das vezes, o contexto imediato responde a qualquer “contradição” que possa parecer ser. Além disso, deve-se esperar que haja diferentes perspectivas dos relatos de testemunhas oculares. Quando os detetives da polícia estão em uma cena de crime, seu trabalho é separar as testemunhas e ouvir cada um de seus lados da história. Se seus testemunhos coincidem, isso geralmente é um sinal de conluio. Em vez disso, deve-se esperar que seus pontos de vista sejam ligeiramente diferentes.

Outra consideração é reconhecer quando a linguagem é fenomenal e não técnica. Millard Erickson escreve, “Quando o meteorologista no noticiário da noite diz que o sol nascerá na manhã seguinte às 6:37, ele, de um ponto de vista estritamente técnico, cometeu um erro, uma vez que se sabe desde o tempo de Copérnico que o sol não se move – e sim a terra. No entanto, não há nenhum problema com esta expressão popular. De fato, mesmo nos círculos científicos, o termo nascer do sol tornou-se uma espécie de expressão.”31 Além disso, os números na Bíblia às vezes são arredondados para cima ou para baixo. Erickson relata:

“Suponha um caso hipotético em que a Bíblia relatou uma batalha na qual 9.476 homens estavam envolvidos. O que seria, então, um relatório correto (ou infalível)? Seriam 10.000 precisos? 9.000? 9.500? 9.480? 9.475? Ou apenas 9.476 seria um relatório correto? A resposta é que depende do propósito da escrita.  Se o relatório for um documento militar oficial que um oficial deve apresentar ao seu superior, o número deve ser exato. Essa é a única maneira de verificar se havia desertores. Se, por outro lado, a conta é simplesmente para dar alguma ideia do tamanho da batalha, então um número redondo como 10.000 é adequado, e nesta configuração está correto.”32

Os céticos introduzem aparentes contradições para tropeçar os cristãos. Existem vários recursos em mrm.org que podem ser úteis ao considerar exemplos comuns:

Os livros a seguir listam passagens problemáticas em ordem bíblica e são ferramentas úteis:

  • Josh and Sean McDowell, The Bible Handbook of Difficult Verses: A Complete Guide to Answering the Tough Questions (Eugene, OR: Harvest House Publishers, 2013).
  • Norman L. Geisler and Thomas Howe, The Big Book of Bible Difficulties: Clear and Concise Answers from Genesis to Revelation (Grand Rapids, MI: Baker Books, 2008).
  • Walter C. Kaiser Jr., Peter H. Davids, F.F. Bruce, and Man- fred T. Brauch, Hard Sayings of the Bible (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1996).
  • Norman Geisler and Ron Rhodes, When Cultists Ask: A Popular Handbook on Cultic Misinterpretations (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1997).

FAZENDO UM DESAFIO RAZOÁVEL

Como discutido anteriormente, ou a Bíblia é o que ela proclama para si mesma – as palavras reveladas da mente de Deus – ou é uma fraude. Não há meio-termo. Todos devem fazer a pesquisa e decidir por si mesmos. O propósito pretendido desses dois primeiros capítulos tem sido explicar por que ter um padrão para as crenças cristãs (a Bíblia) é crucial para se crer e agir de acordo com os princípios estabelecidos por Deus. Infelizmente, muitos que pertencem aos mundos da mídia, da educação e do entretenimento, querem que os cristãos eliminem essa autoridade para que possam “seguir” seus corações”. No entanto, Jeremias 17:9 diz:

“Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e desesperadamente corrupto.

Quem poderá entendê-lo?”

Confiar em nossas próprias maneiras de pensar apenas confunde a moral e torna a busca de Deus uma prioridade perdida. A Palavra de Deus torna-se minimizada, enquanto a cosmovisão bíblica é ridicularizada. É difícil navegar em uma cultura tão oposta a aceitar a Palavra de Deus como o padrão de como a humanidade deve pensar e viver. Thaddeus Williams explica este dilema:

“Uma das coisas mais cruéis que você pode fazer aos jovens é dizer-lhes para seguir seus próprios corações. Lenta, mas seguramente, a moral motriz de nossas histórias mudou. Não era mais, não seja egocêntrico como a bruxa de Branca de Neve, Capitão Gancho de Peter Pan, Jafar de Aladdin ou Cicatriz de O Rei Leão. Em vez disso, seja corajoso por causa de outros, como Pinóquio enfrentando Monstro ou o Príncipe Encantado matando o Dragão. Derrote a malevolência com bondade como Cinderela ou Branca de Neve. Essas verdades atemporais foram substituídas por um falso evangelho desorientador de ser fiel a si mesmo, seguir seu coração e não deixar ninguém lhe dizer quem ou como ser. Jesus disse: “Quem quer que faça com que um desses pequeninos que crêem em mim peque, seria melhor para ele ter uma grande pedra de moinho presa em torno de seu pescoço e ser afogado nas profundezas do mar”, onde Pinóquio não estará a caminho para salvá-lo.”33

Durante nosso tempo juntos, Dave e eu cobrimos tópicos importantes. Quando nossa conversa estava terminando, eu queria desafiá-lo.

“Segundo Timóteo 2:15 diz que devemos ‘estudar’ como um ‘obreiro’ que ‘corretamente divide a palavra da verdade'”, eu disse. “Dave, eu desafio você a ler a Bíblia por si mesmo, sem seguir um plano de leitura SUD ou se apegar a noções preconcebidas. Veja por si mesmo o que a Bíblia tem a dizer. Esta é uma ferramenta muito poderosa.”

Muitos santos dos últimos dias que conheço admitem que passam muito mais tempo lendo o Livro de Mórmon do que a Bíblia. Assim, recomendei que Dave lesse o Evangelho de João, que tem uma visão maravilhosa da vida de Jesus. Um olhar sistemático sobre a salvação, eu disse, poderia ser encontrado na epístola de Romanos.34 É uma poderosa tática apologética desafiar os mórmons a lerem a Bíblia por conta própria, especialmente o Novo Testamento.  Eu gosto de perguntar aos mórmons se eles já leram de uma versão moderna da Bíblia, como tecnicamente, eles devem usar apenas a KJV. Não há nada de errado com a KJV, mas é difícil para muitos (eu incluído!) entender a linguagem de várias centenas de anos atrás.35 Se eles não possuem uma tradução moderna, considere oferecer-se para comprar uma cópia para eles. Ou você pode convidá-los para ir a BibleGateway.com, que oferece acesso gratuito a uma variedade de versões em inglês. (Nota do tradutor: este site oferece 6 versões em Português.) Explique como a Bíblia pode ser lida em um smartphone usando um aplicativo. Muitos buscadores sérios da verdade tiveram suas vidas radicalmente mudadas pela leitura com a mente e o coração abertos.36 Sei que a minha foi.

Quando é o momento correto, gosto de oferecer a uma pessoa a oportunidade de orar comigo se uma decisão for tomada por Cristo, mesmo que estejamos em pé em uma calçada pública à vista dos transeuntes. Em 1972, tomei a decisão pessoal de seguir a Cristo respondendo a um convite de cruzada televisionado oferecido pelo falecido Billy Graham. Como Graham guiou, eu orei a “oração do pecador”. Cuidado, pois qualquer oração – por mais eloquente que possa parecer – nunca deve ser considerada fórmula mágica ou exigência divina. Ao mesmo tempo, não há nada de errado em uma pessoa orar em reconhecimento de uma nova crença. Wayne Grudem explica:

“Uma vez que a fé pessoal em Cristo deve envolver uma decisão real da vontade, muitas vezes é muito útil expressar essa decisão em palavras faladas, e isso poderia muito naturalmente assumir a forma de uma oração a Cristo na qual lhe falamos de nosso pesar pelo pecado, nosso compromisso de abandoná-lo, e a nossa decisão de realmente depositar a nossa confiança Nele. Tal oração falada não nos salva em si mesma, mas a atitude de coração que ela representa constitui uma verdadeira conversão, e a decisão de orar pode muitas vezes ser o ponto em que uma pessoa realmente chega à fé em Cristo.”37

Embora Dave não estivesse pronto para assumir um compromisso, agradeci-lhe pela discussão cordial. Nós nos despedimos e, quando ele se afastou, eu só podia esperar que ele refletisse sobre as coisas sobre as quais conversamos.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

  1. Você acha que um cético estaria convencido sobre a confiabilidade da Bíblia se os autógrafos dos livros bíblicos realmente existissem? Por que ou por que não?
  2. Enquanto a KJV inclui a versão mais longa de 1 João 5:6-8, as versões modernas em inglês da Bíblia colocam as palavras questionáveis em uma nota de rodapé. Por que esses tradutores modernos decidiram fazer isso em vez de apenas manter as palavras como um suporte para a Trindade?
  3. O que o jogo telefônico tem a ver com a precisão da Bíblia? Qual é uma boa resposta a alguém que possa usar esse exemplo para mostrar por que a Bíblia não é confiável?
  4. Uma variedade de diferentes textos de prova bíblicos, são usados para apoiar a posição SUD sobre uma variedade de doutrinas. Quais são algumas coisas a considerar quando um santo dos últimos dias usa um versículo para apoiar seu ponto de vista?
  5. Suponha que você pedisse a seu amigo mórmon para ler a Bíblia em uma tradução moderna para que fosse mais fácil de entender. Qual você acha que seria a resistência? Se seu amigo concordasse, qual livro da Bíblia seria um bom lugar para começar? Por que?

RECURSOS RECOMENDADOS

Recurso de Nível Básico

J. Warner Wallace, Cold-Case Christianity: A Homicide Detective Investigates the Claims of the Gospels (Colorado Springs, CO: David C. Cook, 2013).

Recursos de Nível Médio

John Ankerberg and Dillon Burroughs, Taking a Stand for the Bible (Eugene, OR: Harvest House Publishers, 2009).

Gordon Fee and Douglas Stuart, How to Read the Bible for All Its Worth (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1982).

 Recurso Avançado

F.F. Bruce, The New Testament Documents: Are They Reliable? (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1981).

Notas

CAPÍTULO 2—O NOVO TESTAMENTO FIDEDIGNO E CONFIÁVEL

  1. Por exemplo, Ehrman tem produzido programas populares de episódios múltiplos para Great Courses, incluindo “History of the Bible”, “History of the New Testament”, e o best-selling “How Jesus Became God”, nenhum dos quais é recomendado.
  2. Não temos espaço para cobrir completamente os ensinamentos de Bart Ehrman, mas o apêndice (“Responding to the Challenges of Bart Ehrman”) em Josh e Sean McDowell, “Evidence that Demands a Verdict” (Nashville, TN: Thomas Nelson, 2017), 705-22, é recomendado. Os McDowells dizem que os “argumentos de Ehrman que tentam minar a divindade de Cristo e o valor dos textos do Novo Testamento podem, e devem ser desafiados por causa de suas fraquezas significativas. Tomados como um todo, seus argumentos não prejudicam de forma alguma a precisão do Novo Testamento e as reivindicações tradicionais do cristianismo.”
  3. John MacArthur e Richard Mayhue, “Biblical Doctrine” (Wheaton, IL: Crossway, 2017), 111-12. Itálico no original.
  4. Darrell L. Bock e Daniel B. Wallace, “Dethroning Jesus: Exposing Popular Culture’s Quest to Unseat the Biblical Christ” (Nashville, TN: Thomas Nelson, 2007), 46. Os copistas que podem ter usado qualquer um dos autógrafos como fonte podem não ter tomado cuidado especial (ou seja, usar luvas, higienizar a área onde o manuscrito estava, evitar a luz solar direta) para prolongar a vida útil desses pergaminhos. Nunca saberemos.
  5. Lee Strobel, “The Case for the Real Jesus: A Journalist Investigates Current Attacks on the Identity of Christ” (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2011), 73. Elipse minha.
  6. F.F. Bruce, “The New Testament Documents: Are They Reliable?” (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerd- mans Publishing Co., 1981), 10. Elipse minha.
  7. Daniel Wallace in Nabeel Qureshi, “Seeking Allah, Finding Jesus: A Devout Muslim Encounters Christianity” (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2016), 305.
  8. Bock and Wallace, “Dethroning Jesus”, 49.
  9. Ibid., 50.
  10. Daniel Wallace in Appendix 1 (“Testing the New Testament”), in Qureshi’s “Seeking Allah, Find- ing Jesus,” 305.
  11. Ibid.
  12. Craig L. Blomberg, “Can We Still Believe the Bible? An Evangelical Engagement with Contemporary Questions” (Grand Rapids, MI: Brazos Press, 2013), 18.
  13. Norman L. Geisler, Baker “Encyclopedia of Christian Apologetics” (Grand Rapids, MI: Baker Books, 1999), 537.
  14. O site da Igreja SUD sustenta que muitos livros bíblicos podem “talvez até ter[sido] intencionalmente destruídos” (churchofjesuschrist.org/study/scriptures/bd/canon?lang=eng). Não há evidências para essa afirmação.
  15. Blomberg, “Can We Still Believe the Bible?”, 27. Itálico no original.
  16. Wallace in Qureshi, “Seeking Allah, Finding Jesus”, 306.
  17. F.F. Bruce, “The New Testament Documents: Are They Reliable?” (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerd- mans Publishing Co., 1981), 14-15.
  18. Blomberg, “Can We Still Believe the Bible?,” 15.
  19. Ibid., 17.
  20. Bruce M. Metzger,  “A Textual Commentary on the Greek New Testament” (Germany: United Bible Societies, 1971), 43.
  21. Wallace in Lee Strobel, “The Case for the Real Jesus: A Journalist Investigates Current Attacks on the Identity of Christ” (Grand Rapids, MI: Zondervan, 2011), 89.
  22. Ibid., 97.
  23. F.F. Bruce, ‘The New Testament Documents: Are They Reliable?” (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerd- mans Publishing Co., 1981), 14-15.
  24. “Manuscript Discoveries of the New Testament in Perspective,” Papers of the Fourteenth Annual Symposium on the Archaeology of the Scriptures, Presented April 13, 1963, 57-58
  25. .Deve-se notar que o Livro de Mórmon cita Marcos 16:16-18 palavra por palavra em Mórmon 9:23-24. Esses versículos não estão incluídos em nenhum outro Evangelho.
  26. Wallace in Qureshi, “Seeking Allah, Finding Jesus”, 307.
  27. For an overview on this topic by Daniel Wallace, see bible.org/article/textual-problem-1-john-57-8.
  28. Greg Koukl, “‘Misquoting’ Jesus? Answering Bart Ehrman,” str.org/w/-misquoting-jesus-answer ing-bart-ehrman. Timothy Paul Jones responde às alegações de  Ehrman em seu livro entitulado “Misquoting Truth: A Guide to the Fallacies of Bart Ehrman’s ‘Misquoting Jesus’” (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2007).
  29. B.H. Roberts, ed., History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints (Salt Lake City, UT: Deseret Book Company, 1976), 1:368.
  30. Para mais informações sobre a tradução de Joseph Smith da Bíblia, mrm.org/jst-passion-week.
  31. Millard J. Erickson, “Christian Theology” (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1986) 1:237. Itálicos no original.
  32. Ibid., 1:236.
  33. Thaddeus J. Williams, “Confronting Justice Without Compromising Truth: 12 Questions Christians Should Ask About Social Justice” (Grand Rapids, MI: Zondervan Academic, 2020), 203-4. Itálicos no original.
  34. Para um estudo guia do livro de Romanos, veja mrm.org/romans-road.
  35. Para mais neste assunto, veja “Why a Modern Translation of the Bible Can be Beneficial,” mrm.org/ modern-translation.
  36. Considere a história de Micah Wilder, que, como missionário mórmon na Flórida, foi informado por um pastor para ler a Bíblia quando criança. Micah leu o Novo Testamento mais de uma dezena de vezes durante sua missão nos dois anos seguintes, e acabou se tornando um cristão. Esta incrível história é encontrada no livro “Passport to Heaven: The True Story of a Zealous Mormon Missionary Who Discovers the Jesus He Never Knew” (Eugene, OR: Harvest House Publishers, 2021) e é altamente recomendado.
  37. Wayne Grudem, “Systematic Theology: An Introduction to Biblical Doctrine” (Grand Rapids, MI: Zondervan Academic, 1994), 717. Itálicos no original.

Para o índice da tradução em Português de “Apresentando o Cristianismo aos Mórmons,” clique  aqui.

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